Discussão:oxente
Qual é a grafia correta?
editarqual a grafia correta? ochente ou oxente? --Fredmaranhao 00:14, 18 Junho 2006 (UTC)
- Olá Fred!
- Segundo o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras (http://www.academia.org.br), a grafia é "oxente"
- ValJor 00:34, 18 Junho 2006 (UTC)
- Vou alterar ligeiramente o artigo para que a informação palavra não utilizada em Portugal nem confirmável em dicionários editados em Portugal conste no verbete.
- Se, por ventura, fosse relevante ter uma listagem de palavras nestas circunstâncias teria que as categorizar como tal.
- Soduku 13:30, 28 Junho 2006 (UTC)
- Mas não basta o (Brasil, Nordeste)? Chamar a palavra em questão de 'brasileirismo' não me parece adequado, já que, assim como não é utilizada em Portugal, a palavra tampouco é utilizada na maior parte do Brasil. --Schoenfeld 16:01, 28 Junho 2006 (UTC)
- Se o Schoenfeld está a dizer que qualquer palavra reconhecida pela ABL é português em Lisboa, serve. Caso contrário, não serve.
- É proíbido pôr Brasileirismo nos artigos? Já há palavras malditas no Wiki?
- Anotei que a a palavra maldita foi retirada do artigo por um homem recto...
- Soduku 18:39, 28 Junho 2006 (UTC)
- Oxente! Concordo com Schoenfeld que chamar de brasileirismo não é adequado. É um regionalismo do NE do Brasil. Na maior parte do território brasileiro não se usa essa interjeição! Quanto a ser ou não português em Lisboa, não é a questão. Aqui, no Brasil, é português! Que eu saiba, não se reconhece nos lisboetas (nem em nenhum lusófono de qualquer sítio) autoridade especial sobre a língua portuguesa. E muitas vezes o português de Lisboa, está longe de ser castiço, mas é sempre "muito giro".EusBarbosa 19:49, 28 Junho 2006 (UTC)~
- Aceito a sugestão do EusBarbosa e vou começar a pôr nos artigos Português de Lisboa e Português de Brasília
- Para começar homem recto fica como português de Lisboa e homem reto como português de Brasília. Soduku 20:15, 28 Junho 2006 (UTC)
- Bom dia a todos! No fim do século 18, bem antes da imigração em massa de estrangeiros para o Brasil, houve uma grande imigração de portugueses, sobretudo açorianos e minhotos. Esses últimos falavam bem igual aos galegos e provavelmente trouxeram esse "xente" galego pra cá, que se pronuncia chente. Nessa época, o Nordeste era ainda uma das principais regiões economicamente atrativas do país. Talvez isso explique em parte a pronúncia dessa palavra, além do fato de a união das coroas ibéricas ter existido, o que deu livre acesso a hispânicos em nosso território durante o século 17. Femme Fatale (Discussão) 16h58min de 8 de setembro de 2016 (UTC)
Longa etimologia retirada do corpo do verbete
editarA palavra "oxente" (sendo seu diminutivo o comum "oxe") tem seu significado proveniente de "ó gente", e expressa sensação de estranheza para os habitantes do Nordeste brasileiro. Assim como as palavras "vixe" e "vige" (provenientes de "vixe Maria"), que por sua vez vêm de "virgem Maria" (expressando espanto), "oxente" já vem dos antigos sotaques do Portugal nortenho, mais precisamente dos portugueses transmontanos e alto minhotos que migraram ao Nordeste ainda nos tempos de colônia; além também dos dialetos das várias levas de galegos (povo proveniente do Noroeste da Espanha) que vieram ao Brasil. Nas províncias de Trás-os-Montes e Alto Minho, em muitos lugares é comum falar "paxar", em vez de "passar"; "raxo", em vez de "raso"... Ouvir "xente", em vez de "gente", e "virxe" ao invés de "virgem" etc. Na língua galega, tais formas são inclusive tidas como as oficiais pela academia que rege a língua [1][2].
Em muitas regiões do Nordeste do Brasil, "galego" é o termo mais popular para identificar pessoas com aparência norte-européia, tal como o vocábulo "alemão" e "russo" são usados em São Paulo. Isso ocorre principalmente porque no Nordeste os alemães não marcaram tanta presença, e portanto durante o período colonial até começos do século XX, as pessoas mais claras eram majoritariamente do Portugal do Norte e da fronteira Galega, onde as pessoas são por natureza mais alvas e de cabelos mais claros. Isso até por fatores referentes à história da povoação de ambas as regiões, majoritariamente composta de tribos celtas, como os brácaros (oriundos de Braga) e os celtiberos, além dos posteriores povos germânicos, notadamento os suevos, não havendo a presença moura. É curioso que no Nordeste seja grande o uso da palavra "galego" para designar pessoas com tais características, mas que pouco se saiba sobre a origem dessa palavra, que tão claramento nos remete à Galiza espanhola. Muita gente acredita que a grande incidência de pessoas com caracteres norte-europeus (cabelos e olhos claros) no interior do Nordeste do Brasil (principalmente nas áreas interiores dos estados de Pernambuco e Paraíba) se deve sobretudo aos holandeses que teriam fugido sertão adentro na época da reconquista portuguesa. Tal tese se complementa também pela da imigração galega. Todo este significado em torno da palavra nos serve como fonte histórica que atesta a presença galega no Nordeste, e por conseguinte sua mais que provável relação com vocábulos como "oxente", etc.
O Sul da Galiza mandou ao longo de séculos muitos colonos ao Brasil, sendo quase impossível determinar quantos brasileiros possuem ao menos um ancestral galego hoje em dia. Palavras das mais diversas, comuns no falar simples dos interiores do Brasil (muitas vezes tidos como simples expressões de ignorância por parte das camadas mais humildes), vêm comprovar as heranças linguísticas peculiares: o tido como tão nordestino "cabra", vindo do "cabrão" e "cabrón" ibéricos (cabrão em Portugal e Espanha é o mesmo que "safado")[3]; da Galiza os "tamém", "despois", "ferruge", "tresantonte", "saluço", "entonce", "num" ("não", na Galiza "nom"; em Miranda do Douro, "nun") [4] [5]. Várias formas verbais como "vinhesse" ("viesse") e "dixe" ("disse") etc., são apenas alguns exemplos indicadores duma identidade linguística que supõe relacionamentos muito antigos. Tudo isto vem comprovar, na ausência de mais fontes históricas documentadas relacionadas à procedência das formas "oxe" e "vixe" especificamente, a influência do galego e do Norte de Portugal no linguajar nordestino.
As formas "vixe Maria" e "oxente", no Brasil, são originalmente da população mais ao interior do Nordeste, onde vários lugares ficaram por muito tempo mais isolados. Daí algumas das características daqueles sotaques nortenho e galego, que por isso se mantiveram. A população das capitais nordestinas de zonas mais úmidas, como Recife e Salvador, já usam a expressão por influência do interior. As formas abreviadas "oxe", "oxen" e "vixe" são as mais comuns nas grandes cidades, ao contrário do que acontece em várias das cidades menores do interior do Nordeste, onde as formas completas prevalecem.