Discussão:santa terrinha

Eu sou da santa terrinha, com muito orgulho! editar

A expressão santa terrinha tem, segundo a minha observação, cada vez menos utilização. Suspeito que a maioria dos jovens com menos de 30 anos nem saberá do que estamos a falar... (um dos meus rapazes, o que tem 21 anos, tirou pelo sentido, mas não se lembra de ter ouvido antes a expressão).
No entanto, partamos do princípio que sim, que é utilizada com frequência.
A verdade é que, na actualidade, com a emigração para as grandes cidades:

  • os naturais de uma cidade são uma pequena e insignificante minoria, não se divertindo com esses epítetos;
  • mesmo os que nasceram na cidade têm pais e avós na província, usando a expressão de forma mais carinhosa do que jocosa;
  • a grande maioria recorda a terrinha com saudade e vai valorizando cada vez mais o que perdeu. Quando usa a expressão, suspira;
  • o termo saloio (ou saloiada, colectivo) aplicava-se aos que viviam fora da cidade de Lisboa. Hoje já quase ninguém vive dentro: de mais de três milhões de habitantes na chamada Área Metropolitana de Lisboa, apenas pouco mais de 500.000 habitam dentro do concelho-capital.

A santa terrinha, o garrafão de tinto, os tamancos (ou tamancas), o típico corte da barba nos homens, a alcofa ou cesta à cabeça nas mulheres – tudo isso existe (felizmente existe!) nas inimitáveis caricaturas de Rafael Bordalo Pinheiro. É o Zé Povinho. Era também a caricatura que nos chegava do Brasil, retratando os portugas que desembarcavam – os que agora desembarcam certamente já não são assim. Mas o retrato existe e não deslustra porque é verdadeiro.
Sou português, vivo na área de Lisboa, não sou alfacinha, vim da santa terrinha e recordo-a com a saudade que me faz lá voltar sempre que posso. Essa expressão nunca me ofenderá! Não percebo qual a razão por que ofende o Jtlopes...
Pelo que expus atrás, sugiro que na primeira definição se acrescente um (antigo). -- Cadum 00:10, 3 Agosto 2006 (UTC)

O texto que se segue é dum pretensioso. Não leia, mas se o ler não o subscreva. "Santa terrinha" é igual a "terra natal" que pode ser abreviado, por redução, de "terrinha" e "terra". Assim se pode entender "gosto da minha santa terrinha", "vou passar a consoada à santa terrinha", "qual é a tua santa terrinha?". Agora, "tu és da santa terrinha?", "tu és da terra natal?" não tem qualquer significado ou anda mouro pela costa. Para quem assuma que "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem" já fará sentido que a "santa terrinha" signifique "província", "provinciano" ou "provincianisno" e à pergunta "tu és da santa terrinha?" já se pode responder «-Não. Sou da capital, sou lisboeta» ou, então, «-Sim. Sou provinciano, sou provinciano e com muito orgulho». O que estará a fazer um portuense quando no Porto pergunta a um lisboeta «-Tu és da santa terrinha?". Está apenas a deslocar a capital para o Porto e considerar que quem é lisboeta é provinciano por bairrismo ou por gozação. Na Madeira um funchalense também pode perguntar o mesmo a um lisboeta se quizer deslocar o país para a Madeira e considerar o continente como paisagem. E no Brasil? O que estarão a pensar os brasileiros quanto perguntam «-São da santa terrinha?»

Qual será a santa terrinha da elvense acabada de nascer em Badajós?
Caros Cadum e anónimo (abaixo), sou brasileiro, neto de portugueses por parte de mãe. Meu avô era da região do Douro, mas não era do Porto. Quando criança o ouvi muitas vezes se referir a Portugal como a santa terrinha, mas falava com carinho e com emoção, por isso usei aqui algumas vezes a expressão ao me dirigir a algum português dessa comunidadde. Mas fui mal interpretado, e foi por culpa minha. Não se pode e não se deve apropriar expressões dos outros, não lhe apreendemos todo o sentido, ou todos os sentidos. Quem a usa nativamente sabe melhor quando quer dar um sentido ou quando quer dar outro. Aprendi essa lição, portanto a mais alguém que se sentiu ofendido por minhas palavras peço que me desculpe. Quanto ao uso no Brasil, posso lhes garanir que 99% da população brasileira a desconhece e não a usa, nem para ofender, nem para elogiar, portanto não tenho resposta para a pergunta feita acima. Quem a usa (ou melhor, usava) no Brasil eram os próprios portugueses. EusBarbosa 22:33, 3 Agosto 2006 (UTC)
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